Carolina Frandsen, 01 de outubro de 2025
Em agosto de 2025, no 19º Congresso Internacional de Imunologia (IUIS 2025), realizado em Viena, Áustria, o imunologista Dr. Kenneth Gollob, representando o Grupo CRIO do Einstein Hospital Israelita, apresentou um estudo que visa refinar o tratamento oncológico.
Com o tema “Valsando rumo ao futuro da imunologia, por uma saúde melhor,” o IUIS 2025 serviu de palco para a divulgação do trabalho intitulado: “CXCL9-CXCR3 Axis as a central role in immune networks favoring response to immunotherapy in advanced melanoma patients”.
Dupla de moléculas promissoras
O estudo se concentrou em uma via de sinalização específica: o eixo CXCL9-CXCR3. A equipe quantificou as concentrações plasmáticas da quimiocina CXCL9 (uma proteína sinalizadora produzida primariamente por macrófagos), e mapeou a presença de linfócitos T que expressam seu receptor correspondente, o CXCR3, em pacientes com melanoma avançado.
Os resultados demonstram que a quantificação desta dupla pode ser usada como um potencial biomarcador, capaz de predizer ou aumentar a taxa de sucesso da imunoterapia em pacientes com este tipo de tumor. Em termos práticos, identificar a atividade do eixo CXCL9-CXCR3 pode indicar quais pacientes terão uma resposta positiva ao tratamento com inibidores de checkpoint.
Medicina de Precisão e Acesso
O principal objetivo dessa descoberta é inserir a medicina de precisão nas decisões clínicas de imunoterapia, que frequentemente envolvem o uso combinado de mais de um inibidor de checkpoint.
“É uma tentativa de refinar as decisões de tratamento com imunoterapia,” explica o Dr. Gollob. “Acreditamos que, ao identificar de forma mais precisa os candidatos que se beneficiarão do tratamento combinado, poderemos aumentar significativamente a taxa de resposta e possivelmente aumentar o acesso com redução de custos para o sistema de saúde.”
Hoje, o custo e a complexidade dos tratamentos de melanoma avançado tornam o direcionamento eficaz dos pacientes um desafio, especialmente na rede pública. Um marcador mais confiável permitiria direcionar o tratamento a quem realmente precisa, liberando recursos e possibilitando a busca por alternativas terapêuticas para os não respondedores.
Próximos Passos
Os achados, apresentados em um dos mais prestigiados congressos de imunologia do mundo, pavimentam o caminho para a validação clínica do eixo CXCL9-CXCR3 como um alvo terapêutico ou um biomarcador robusto. A pesquisa reforça o compromisso do Grupo CRIO em integrar descobertas da ciência básica com a prática clínica para a melhoria contínua da saúde.
Co-autores do estudo: Amanda Braga Figueiredo, Guilherme Ferreira Britto Evangelista, Milton José de Barros e Silva, Larissa de Melo Kuil, Clara Maciel Cavalcanti, Kátia Luciano Pereira Morais, Juliana Souza Apostolico, Robert Balderas, Rodrigo Pestana Lopes, Israel Tojal Silva, Alexandre Defelicibus, Renan Valieris, James Turner, Nayane Alves de Lima Galdino, Iasmim Polido Santos, Stephanie Martinez Iasbeke Ferreira, Ananda Domingues Lopes, Walderez Ornelas Dutra, Clóvis Antônio Lopes Pinto, Rubens Chojniak, João Pedreira Duprat-Neto, Kenneth J. Gollob.
Imagem destacada por Carolina Frandsen.
Células CC-00: Julio C. Valencia, NCI Center for Cancer Research – Metastatic Melanoma Cells
Description: The ability of cancer cells to move and spread depends on actin-rich core structures such as the podosomes (yellow) shown here in melanoma cells. Cell nuclei (blue), actin (red), and an actin regulator (green) are also shown.
