As visitas foram realizadas em dois dias como parte do programa “Cientistas do Amanhã” do Einstein, o qual visa aproximar a ciência dos jovens, promovendo o desenvolvimento do pensamento crítico e disseminando conhecimentos em suas comunidades.
por Rogério Bordini
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os dias 19 e 26 de agosto, o Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (CEP) foi preenchido pelos risos, perguntas entusiasmadas e desenhos dos jovens estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental II, da Escola Municipal de Educação Fundamental Prof. Paulo Freire, da comunidade de Paraisópolis (SP). Os estudantes também fazem parte do programa Cientistas do Amanhã, iniciativa da Pós-graduação em Ciências da Saúde do Einstein que aproxima a ciência dos adolescentes e desenvolve o pensamento crítico para formá-los como agentes da difusão científica em suas comunidades.
No primeiro dia, os jovens foram recebidos pelos pesquisadores do Centro de Pesquisa em Imuno-oncologia (CRIO), Amanda Braga de Figueiredo, Guilherme Evangelista e Guilherme Cebinelli, que conduziram a aula “Descobrindo o Poder das Células Imunes com Citometria de Fluxo”. Eles apresentaram as diferentes células do sistema imunológico e seus papéis na defesa contra patógenos e células cancerígenas, além de discutir a citometria de fluxo como técnica essencial para analisar e compreender a função dessas células em contextos de saúde e doença. Para tanto, os estudantes tiveram a oportunidade de conhecer o equipamento em um dos laboratórios do CEP para observar os agentes em uma amostra de sangue.
Já no segundo encontro, Kenneth Gollob, diretor do CRIO, fez a apresentação intitulada “Noções básicas sobre o poder do sistema Imunológico no combate ao Câncer”. A aula, que abordou as condições que favorecem o surgimento de células cancerígenas e os desafios do sistema imune para contê-las, foi seguida de um concurso de desenho em que os futuros cientistas tiveram de colocar os conhecimentos recém-adquiridos em prática.
Organizados em grupos, eles criaram ilustrações sobre a luta entre células cancerígenas e agentes do sistema imune que desempenham papéis cruciais na destruição de células infectadas e regulação da resposta imunológica. O resultado? Desenhos criativos representando o embate entre células malignas e defensoras, dignas dos confrontos entre heróis e violões de histórias em quadrinhos.
Também contribuíram com a segunda aula os pesquisadores do CRIO, Camila Nunes e João Scarini. “As crianças foram desafiadas a criar desenhos que ilustrassem como as células do câncer evadem o sistema imune, usando exemplos como a inibição de PD-1, proteína expressa em células imune do organismo, como em linfócitos T. Elas se envolveram com curiosidade, criando analogias para explicar os mecanismos de defesa e evasão. No final, cada grupo apresentou seu desenho, mostrando como as células cancerígenas “enganam” o sistema imune. Foi impressionante ver como entenderam os conceitos de imuno-oncologia e mencionaram tratamentos que ajudam o corpo a combater essas células”, disse Camila, mestranda em imuno-oncologia no Einstein.
Já João, pós-doutorando do centro de pesquisa, reforçou a importância de trocas entre pesquisadores e a comunidade para despertar o interesse de jovens pela carreira científica. “Quando eu tinha a idade destes meninos, uma aula de genética com uma professora de Biologia me inspirou profundamente. Esse tipo de interação é fundamental, pois nos permite estimular o interesse das crianças e adolescentes, que por sua vez levam o que aprenderam para casa e compartilham com suas famílias. Conceitos que parecem complexos são transmitidos de forma simples e natural. Como cientistas, nosso papel é abrir portas para o conhecimento e inspirar futuras gerações a explorar o mundo com curiosidade e determinação”.
Aprendizes hoje, cientistas amanhã
O projeto “Cientistas do Amanhã”, iniciado em 2022 no Einstein, conta com apoio de voluntários do Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis e oferece uma experiência imersiva em ciências para alunos a partir do 9º ano. O objetivo é promover o pensamento científico e demonstrar que a ciência é uma atividade coletiva que traz benefícios para a sociedade.
Entre as atividades contempladas pelo programa, estão experiências práticas em laboratórios científicos, que incluem atividades práticas de investigação experimental e clínica. Ademais, o trabalho em equipe é fortemente incentivado para criação de ambientes colaborativos e desenvolvimento de habilidades de comunicação e interpessoais, componentes essenciais do pensamento científico.
Um estudo conduzido acerca do programa demonstrou que atividades práticas, como microscopia e citometria, melhoram significativamente a compreensão dos alunos sobre conceitos científicos. Ao se envolverem em exercícios práticos, os estudantes podem visualizar e entender processos biológicos complexos, o que enriquece a experiência de aprendizado. Além disso, a pesquisa abordou o Efeito Hawthorne por meio de métodos de observação naturalista, permitindo que os alunos se acostumassem com a presença dos pesquisadores, minimizando assim o impacto da observação em seu comportamento.
O programa também busca promover a literacia científica entre os adolescentes, capacitando-os a combater o negacionismo e a desinformação. A colaboração com escolas e comunidades locais destaca a importância do trabalho conjunto na educação científica, beneficiando tanto os alunos quanto a comunidade.
Veja abaixo mais fotos da visita dos alunos da Escola Municipal de Educação Fundamental Prof. Paulo Freire ao Einstein.
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Que saber mais?
🌐 Acesse o estudo sobre o programa Cientistas do Amanhã:
Scientists of Tomorrow/ Cientistas do Amanhã: a project to inspire, stimulate scientific thinking, and introduce scientific methodology for young students: https://journal.einstein.br/article/scientists-of-tomorrow-cientistas-do-amanha-a-project-to-inspire-stimulate-scientific-thinking-and-introduce-scientific-methodology-for-young-students/
