A láurea, organizada pela própria revista, reconheceu contribuições relevantes nas categorias de Ciências Básicas e Medicina Experimental, Medicina Clínica, Economia e Gestão da Saúde, Assistência Multiprofissional à Saúde e Cirurgia.
por Rogério Bordini
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o dia 10 de outubro de 2024 o Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (SP) hospedou o Prêmio Eric Roger Wroclawski 2024, que desde 2006 anualmente agracia trabalhos originais publicados na einstein (São Paulo), periódico de acesso aberto do hospital com foco em Medicina e áreas afins da saúde. O prêmio é uma homenagem ao pesquisador Dr. Wroclawski, primeiro editor da revista e um de seus fundadores. Falecido em 2009, deixou contribuições importantes à urologia, além de atuar como vice-presidente do Einstein e professor da Faculdade de Medicina da Fundação do ABC.
“Estou muito honrada por ter conquistado este prêmio, que representa um marco na minha carreira”, comentou Marcela Forgerini, professora da UNESP Araraquara (Departamento de Fármacos e Medicamentos) e primeira autora do artigo vencedor na categoria Ciências Básicas e Medicina Experimental. “Minha pesquisa, realizada durante o pós-doutorado, investigou os fatores genéticos que podem levar a hemorragias em pacientes que usam ácido acetilsalicílico para prevenção de doenças cardiovasculares. Após quatro anos de recrutamento de participantes, descobrimos que a presença de sete polimorfismos genéticos analisados não estava associada ao aumento do risco de hemorragia. Esse trabalho é fundamental para a compreensão da farmacogenética e para garantir a segurança do uso desse medicamento na população brasileira”.
Já na categoria Cirurgia, a primeira colocação ficou para um estudo que avaliou uma técnica de reparo para espinha bífida aberta com biocelulose, realizada entre 26 e 28 semanas de gestação. “Ganhar este prêmio é extremamente significativo para mim, pois representa o reconhecimento de uma década de trabalho árduo”, disse Denise Araújo Lapa, especialista em cirurgia fetal do Einstein e líder do trabalho vencedor. “Desenvolvi uma técnica cirúrgica inovadora no Brasil, e é gratificante ver que nosso esforço está sendo valorizado. Acredito que é fundamental publicar nossas pesquisas em revistas brasileiras de qualidade, pois temos muitos talentos no país cujas ideias merecem ser reconhecidas. A ciência aberta é essencial, e estou comprometida em contribuir para que mais pesquisadores tenham suas vozes ouvidas e suas descobertas publicadas.”
Na categoria Medicina Clínica, destaca-se o estudo sobre a análise temporal e espacial de mais de 7.000 casos de sarampo na Amazônia Brasileira, ocorridos entre 2018 e 2019. Na categoria Economia e Gestão da Saúde, foi premiado o trabalho que explora as perspectivas dos profissionais de saúde sobre painéis de detecção precoce de múltiplos cânceres. Já na categoria Cuidados de Saúde Multiprofissionais, o destaque foi para a construção e validação da Escala de Oncologia de Emergência (EMOnco), um protocolo de avaliação de risco para triagem de pacientes com câncer em situações de emergência. Por fim, na categoria do artigo original mais citado, foi selecionado o estudo sobre a depressão em trabalhadores da saúde no Centro de Cuidados e Isolamento COVID-19 na Villa Panamericana (Peru), que foi realizado de forma prospectiva em um único centro.
A cerimônia, que incluiu apresentações dos próprios autores vencedores, contou com a presença dos membros do einstein (São Paulo): os editores-chefes Kenneth Gollob e Claudio Roberto Cernea, o editor científico Jacyr Pasternak e a editora-técnica Edna Rother. Além disso, Luiz Vicente Rizzo, diretor de investigação e desenvolvimento do Einstein, também compartilhou um depoimento em reconhecimento à revista e aos autores. A lista completa dos vencedores e seus trabalhos está disponível no site do periódico.
Em prol da ciência aberta em saúde
Um dos principais objetivos do periódico einstein (São Paulo) é promover o conhecimento científico em saúde de maneira livre e gratuita, por meio de publicações em inglês. Esse princípio está alinhado com o movimento de acesso aberto, que visa à disponibilização online e gratuita de artigos, livros, teses e dados, eliminando barreiras de acesso e uso. Dessa forma, qualquer pessoa pode ler, baixar, imprimir, distribuir e reutilizar o conteúdo, desde que respeite as licenças atribuídas, como as da Creative Commons, e as diretrizes de publicação do acesso aberto.
Kenneth Gollob, editor-chefe da revista e diretor do Centro de Pesquisa em Imuno-Oncologia (CRIO), reforça a importância dos periódicos de acesso aberto em saúde para acelerar avanços em tratamentos. “Remover obstáculos financeiros possibilita que pesquisadores no mundo tenham acesso e utilizem esses conhecimentos em suas investigações e estudos clínicos. Um exemplo é a oncologia imunológica, onde a livre disponibilidade de informações é essencial para a criação de novos testes, a compreensão dos mecanismos de resposta e a identificação de terapias eficazes. O acesso aberto, que não impõe custos de publicação aos autores, favorece a ampla disseminação dessas informações, trazendo benefícios tanto para a comunidade científica quanto para pacientes”, ressalta.
Em 2023, einstein (São Paulo) recebeu seu primeiro fator de impacto (FI) de 1,4 pelo Journal Citation Report, publicação anual do Clarivate que avalia e compara periódicos acadêmicos e estabelece o FI às revistas indexadas na Web of Science. Edna Rother, editora-técnica da revista, celebra mais uma edição do prêmio, mas já vislumbra os próximos passos do periódico. “Ao organizar o Prêmio Eric Roger Wroclawski 2024, sinto orgulho em reconhecer o trabalho de nossos autores e pesquisadores. Essa iniciativa ressalta a importância do nosso modelo Open Access, que democratiza o acesso à pesquisa e celebra as conquistas da comunidade científica, nos motivando a buscar maior fator de impacto nos próximos anos. Com o apoio da nossa instituição e um corpo editorial forte, estamos prontos para continuar contribuindo para a ciência e reafirmar nosso compromisso com a qualidade na publicação científica”, comentou.
É fundamental que as editoras se comprometam cada vez mais com o acesso livre de seus artigos. O periódico einstein (São Paulo), juntamente com outras iniciativas que promovem a livre circulação do conhecimento científico – como a Scielo e o Plano S -, são exemplos que evidenciam a importância da democratização do conhecimento científico, para o rápido aprimoramento de tratamentos, técnicas e medicamentos.
Veja a seguir algumas imagens da cerimônia:
Que saber mais?
🎧 Entrevista com Edna Rother sobre o periódico einstein (São Paulo) e o movimento open acess:
- Podcast Imuno Agentes: Periódico enstein (São Paulo) na promoção da Ciência Aberta
📝 Visite o site do periódico einstein (São Paulo):