A apresentação abordou os altos custos da medicina de precisão no Brasil e como biomarcadores clinicamente acionáveis podem reduzir despesas e melhorar o acesso ao tratamento.
No dia 16 de novembro, Kenneth Gollob, diretor do Centro de Pesquisa em Imuno-oncologia (CRIO), trouxe ao XXII Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica (SBOC 2023) um panorama atual da pesquisa em medicina personalizada para tratamento de melanoma, tipo de câncer mais frequente no Brasil e que corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país, segundo o INCA. A apresentação também abordou a aplicação estratégica da terapia com inibidores de checkpoint para o melanoma avançado, enfatizando a eficácia robusta da imunoterapia na eliminação de células cancerosas e na promoção de uma resposta imune vigorosa.
A medicina personalizada, também chamada de medicina de precisão, tem se destacado no cenário médico brasileiro, enfocando tratamentos individualizados com base nas características únicas de cada paciente. Essa abordagem utiliza técnicas como sequenciamento do genoma para identificar mutações genéticas, análise proteômica para detectar biomarcadores indicativos de doenças, imagiologia para diagnósticos precisos e análise de dados para identificar padrões e tendências genéticas. A abordagem pode oferecer vantagens, como tratamentos mais eficazes e possibilidade de reconhecer pacientes em risco elevado de desenvolver doenças.
Por outro lado, a implementação desta vertente ainda pode ser desafiadora em alguns cenários devido aos seus altos custos. Questões econômicas relacionadas à acessibilidade da abordagem no Brasil também foram destacadas na apresentação de Gollob, principalmente no contexto das limitações financeiras do Sistema Único de Saúde (SUS). A importância de biomarcadores clinicamente acionáveis foi ressaltada como um meio de direcionar terapias para aqueles que mais se beneficiariam, reduzindo custos do sistema de saúde e melhorando o acesso ao tratamento.
O pesquisador do CRIO também ressaltou os esforços de sua equipe do Einstein nas investigações em medicina de precisão, apresentando as metodologias adotadas, como ensaios multiplex de plasma, citometria de fluxo, sequenciamento de RNA de célula única (scRNAseq) e outras técnicas. A pesquisa apresentada também faz parte de um trabalho colaborativo e em andamento entre pesquisadores e instituições dedicadas aos avanços da oncologia, como A.C.Camargo Cancer Center, BD Biosciences e a Universidade Federal de Minas Gerais.
O SBOC 2023, realizado no Rio de Janeiro este ano, contou com apresentações de pesquisadores nacionais e internacionais centradas no lema “Acesso e Equidade”. Para mais informações sobre o evento, acesse o programa completo aqui.